O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu nesta quinta-feira que a Holanda interrompa o comércio com a Rússia, pare de comprar energia da Rússia e ajude a reconstruir o seu país. Zelensky fez um discurso histórico na Câmara dos Deputados. Foi a primeira vez que um chefe de Estado estrangeiro se dirigiu ao parlamento em uma reunião formal.

"Parar todo o comércio com a Rússia, a energia, para que não contribuam com milhões para a guerra", disse Zelensky aos parlamentares. Ele pediu sanções mais fortes.

O presidente ucraniano também pediu mais apoio de armas. "Isso nos ajuda a lutar. Devemos ter armas para libertar nossas cidades." Zelensky pediu especificamente flak (anti-aéreas) e mais stingers (mísseis de defesa). Ele também pediu à Holanda que exerça influência sobre as instituições internacionais para garantir que os crimes de guerra sejam punidos. Zelensky também espera que a Holanda ajude a reconstruir a Ucrânia.

O embaixador ucraniano na Holanda, Maksym Kononenko, e o embaixador holandês na Ucrânia, Jennes de Mol, também estiveram presentes na sala. Eles se sentaram no fundo da sala, ao lado do primeiro-ministro Mark Rutte e dos ministros Wopke Hoekstra (Negócios Estrangeiros) e Kajsa Ollongren (Defesa).

No meio do discurso, Zelensky agradeceu à Holanda, aos cidadãos e aos políticos. No final, o presidente ucraniano dirigiu-se brevemente a Rutte. "Estou convencido de que isso pode nos tornar mais fortes juntos na casa europeia. Com nossa força, com nosso povo, com nossa capacidade de proteger a liberdade. Você também sabe disso, Mark. Nossa adesão à UE depende de você", disse Zelensky.

Há algumas semanas, a Ucrânia anunciou querer aderir à UE, de preferência através de um procedimento acelerado. A UE acolheu o desejo e os chefes de governo dos 27 estados membros discutiram a questão várias vezes em Bruxelas. Rutte até agora tem-se mostrado relutante em relação à adesão e enfatizou que um país não pode aderir mais rapidamente e que um processo de adesão deve ser "não político".

Ao final do seu discurso, que durou cerca de vinte minutos, Zelensky foi aplaudido de pé pelos membros da Câmara dos Deputados e pelos ministros presentes.

Rotterdam E MH17

Não foi a primeira vez que Zelensky se dirigiu a outro parlamento. A Holanda significou a décima terceira vez para ele. O líder ucraniano adapta o seu discurso ao respectivo país, abordando tópicos específicos. Com isso, ele torna os discursos mais pessoais, com o objectivo de impressionar e ganhar mais apoio.

Por exemplo, Zelensky referiu-se à História da Holanda. Ele falou sobre o bombardeamento de Rotterdam durante a Segunda Guerra Mundial. "A Segunda Guerra Mundial começou em um país e depois as bombas caíram em Rotterdam. O que se passou em Rotterdam paira sobre muitas cidades europeias", disse ele.

Ele também mencionou a fundação dos Países Baixos como um Estado. "A Holanda foi fundada para a liberdade, democracia e diversidade religiosa", disse Zelensky, referindo-se à Guerra dos Oitenta Anos, na qual a Holanda se revoltou contra a Espanha. Em particular, ele mencionou a tolerância e o respeito como valores fundamentais a serem seguidos.

Como esperado, Zelensky também mencionou o desastre do MH17 e o papel de Den Haag como a "cidade dos tribunais". "Em 2014, a Rússia entrou no nosso país. Vocês sentiram isso quando o voo MH17 foi abatido. Não há dúvida, esta é uma guerra injusta. Isso é imperdoável."

Antes do seu discurso, a presidente da Câmara, Vera Bergkamp, deu as boas-vindas a Zelensky. "Em um momento como este, não há distância entre Kiev e Den Haag", dirigindo-se a ele. Ela também expressou o seu apoio ao povo ucraniano.