Museus Como Ginásios. Teatros Como Cabeleireiros. O Original Protesto do Sector Cultural na Holanda
Quase uma centena de teatros, museus e galerias de arte por toda a Holanda, incluindo o Museu Van Gogh e o Concertgebouw, abriram as suas portas à revelia da proibição esta quarta-feira, transformando-se em ginásios temporários, salões de beleza e cabeleireiros.
O actor Diederik Ebbinge e a comediante Sanne Wallis de Vries organizaram a acção de protesto em massa após a conferência de imprensa do primeiro-ministro Mark Rutte na semana passada, onde foi afirmado que os bares que abriram em protesto às restrições do coronavírus seriam considerados como um “direito de demonstração”. A última actualização de restrições ao coronavírus foi criticada como “inconsistente” desde que o governo abriu lojas, profissionais do sexo, cabeleireiros, salões de beleza, ginásios e casas de massagem, mas manteve o encerramento de bares, restaurantes e sector cultural.
Museus, espaços de concertos e galerias de arte, como o Concertgebouw em Amsterdam, protestam que as instituições culturais aplicaram rigorosamente o distanciamento e as verificações dos certificados corona para evitar infecções no seu interior, alegando que são tão vitais para a saúde mental quanto o desporto para a saúde física.
Desigualdade
O Concertgebouw, uma das organizações mais prestigiadas a aderir ao protesto, deu a 50 espectadores a oportunidade de ouvir um ensaio da Segunda Sinfonia de Charles Ives, dirigida por Susanna Mälkki Symfonie, mediante a apresentação de um código QR. Protesta contra o que vê ser um "tratamento desigual do sector cultural desde o início da pandemia covid-19 na Holanda".
O presidente-executivo, Dominik Winterling, pediu ao governo holandês que repensasse e reabrisse as instituições culturais, dando-lhes o devido aviso: “Nosso objectivo é enriquecer a vida do público com o poder da música sinfónica, especialmente nestes tempos difíceis em que todos precisam de inspiração"', disse em comunicado. "Provamos ao longo da pandemia que sempre podemos garantir uma visita segura ao concerto e que as salas com lugares marcados não são uma fonte de infecção."
Corte de Cabelo Rodeado de Arte
No teatro De Kleine Komedie em Amsterdam, Ebbinge decidiu colocar cabeleireiros no palco e transformar a plateia numa “sala de espera” com pequenos espectáculos de comédia, os ingressos esgotaram na terça-feira em cinco minutos. “Comecei com o Kleine Komedie e, com a ajuda da Sanne Wallis de Vries, realmente o sucesso saiu do controle”, disse Ebbinge ao programa de televisão holandês Op1.
Alguns museus aderiram, e na quarta-feira foi possível praticar desporto nos museus. Com cabeleireiros no palco e artistas e músicos a voltar aos teatros. Inspirado por uma carta de Vincent Van Gogh que diz que “a esperança de tempos melhores não deve ser apenas um sentimento, mas para fazer algo no presente”, o museu dedicado ao pintor lançou um protesto “divertido”.
O público com reserva de lugar, mais máscara e comprovativo de recuperação ou vacinação contra o coronavírus, foi possível optar por um corte de barba a 19€, cortar cabelo por 33€ ou manicura simples por 25€, rodeado claro, pela arte.
Por todo o país, mais de 60 teatros transformaram-se em cabeleireiro, enquanto mais de 20 museus tornaram-se em ginásios temporários, oferecendo sessões de “reforço mental”, pilates, ioga e sessões de concentração. Na semana passada, várias autoridades locais disseram que não interviriam para impor o encerramento no caso dos bares abertos em protesto, embora a burgomestre de Amsterdam, Femke Halsema, tenha dito que aplicaria a verificação de código QR em todos os cafés e restaurantes abertos.