Ainda sem resultados oficiais, os principais partidos vencedores das eleições já se movimentam nos bastidores. De forma a formar governo maioritário e bem ao estilo da política holandesa, a "geringonça" dos Países Baixos leva sempre muita engrenagem e peças móveis para liderar os projectos futuros do país.

Os líderes dos 17 partidos que ganharam representação nas Eleições Gerais de quarta-feira, reuniram-se com a Presidente da Câmara dos Representantes, Khadija Arib, na tarde de quinta-feira e concordaram que Annemarie Jorritsma (VVD) e Kajsa Ollongren (D66) deveriam iniciar as negociações de formação da coligação como verkenners, ou observadores. O papel do verkenner é estabelecer contactos entre os partidos e ver quais as melhores possibilidades de uma coligação estável.

Depois disso, os detalhes são reunidos e uma vez que o processo tenha sido concluído, normalmente o líder do maior partido, forma o governo. Todo o processo pode levar meses e há sempre muita especulação sobre quais os partidos que se poderiam juntar ao VVD e D66 e possivelmente aos democratas-cristãos do CDA. Juntos, estes três partidos ficam um pouco abaixo do número de deputados necessários para ter a maioria. O ChristenUnie, que faz parte da coligação de saída, poderá parecer uma escolha óbvia, mas pode não se adequar ao D66 devido à sua postura em relação a questões médicas e éticas. E a líder trabalhista Lilianne Ploumen deixou claro antes das eleições que o PvdA não se juntaria a um governo como o único partido de esquerda. Ela falou a jornalistas na quinta-feira que não via "nenhuma razão" para mudar essa posição.

Jorritsma e Ollongren têm que apresentar um relatório ao parlamento no final do mês, quando a nova câmara deverá entrar em funções.

De Braços Abertos

Enquanto isso, Thierry Baudet, líder do Forum voor Democratie, da direita mais radical, que evitou comentar com a imprensa na noite de quarta-feira sobre as principais conquistas de seu partido, disse mais tarde aos jornalistas que espera ser recebido de "braços abertos" na mesa de negociações para a formação da coligação.

"Somos o maior vencedor da eleição e o maior vencedor pode tomar a iniciativa e será emocionante", disse Baudet. A maioria dos partidos já descartou o FvD como um parceiro potencial, mas essas promessas pré-eleitorais "não valem nada", frisou o líder do partido. Caroline van der Plas, líder do BBB, o BoerBurgerBeweging (movimento de cidadãos agricultores), que ganhou um lugar, apareceu no Binnenhof de tractor. Ela quer ver a criação de um novo ministério para assuntos rurais, que deverá estar localizado a pelo menos 100 quilómetros de Den Haag que é para ter "os pés na lama".