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Portugueses na Holanda

O principal meio de informação em português na Holanda. Notícias, informação e ponto de encontro da comunidade portuguesa.

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Holanda e Rússia Continuaram com Negócios do Gás em Segredo

Imagem de Samuel Bailey por CC 3.0

 

Apesar das relações diplomáticas e comerciais terem sido congeladas devido à queda do voo MH17, investigadores da plataforma de investigação jornalística independente Follow The Money (FTM), informaram na terça-feira que a Holanda continuou em segredo com negociações em relação à importação de gás natural russo.

 

Para os comuns mortais, os contactos diplomáticos e de negócios tinham sido cortados em 2014 após o abate do voo da Malaysian Airlines MH17, que realizava a rota Amsterdam - Kuala Lumpur e foi abatido na Ucrânia por separatistas pró-russos, mas nos bastidores esses laços foram restabelecidos sem conhecimento da Câmara de Deputados, disse a FTM.

"Após vários anos de paralisação diplomática, a comunidade empresarial reatou os contactos entre a Holanda e a Rússia em 2017 por meio de seu grupo de trabalho para a energia", disse a FTM. O grupo de trabalho, que inclui ministros dos dois países, foi criado no início da década de 90 e reúnem-se a cada 18 a 24 meses para discutir questões económicas actuais. Após o desastre de 2014 - em que um míssil russo derrubou o MH17 e as tropas russas invadiram a Ucrânia - a comunidade empresarial manteve as relações entre a Holanda e a Rússia, organizando congressos e visitas mútuas, disse a FTM.

A Câmara de Deputados não foi informada de que os estes contactos haviam sido reactivados e quando o Ministro dos Negócios Estrangeiros Stef Blok respondeu a perguntas no final de Dezembro de 2019 sobre contactos bilaterais com a Rússia, ele não referiu que este grupo de trabalho, que é oficializado por ambos os países, tinha já programado uma reunião em Moscovo nas próximas semanas.

Negociações

Não é por acaso, diz a FTM, que as empresas que restabeleceram esses laços, incluindo a gigante russa do gás Gazprom e a multinacional anglo-holandesa Shell, também participem no polémico projecto Nord Stream 2 no Mar Báltico. Este projecto refere-se à construção de gasodutos, que transportarão gás excedente da Rússia para a Alemanha e de lá para a Holanda e outros países. Os países da Europa Central e Leste temem que, com a construção dos gasodutos, a Rússia contorne em grande parte a rede de gás na Ucrânia e na Europa de Leste, tornando esses países mais vulneráveis ​​aos caprichos russos e menos importantes como fornecedores da parte ocidental do continente.

Enquanto isso, afirma a FTM, países como a Alemanha e a Holanda vêem o projecto como uma grande oportunidade para garantir seu fornecimento de energia e argumentam que se trata de "um acordo puramente comercial". O governo holandês, diz a FTM, está do lado da Rússia. Prova disso vem da decisão do governo holandês de se opor a uma proposta que daria luz verde à Comissão Europeia para negociar projectos envolvendo gasodutos de fora da UE, em vez de deixar essas negociações para os Estados membros unilateralmente. Se aceite, esta proposta significaria o fim do Nord Stream 2.