Ângela Barreto, a Luso Holandesa do Daesh a Ser Julgada em Rotterdam
Ângela Barreto, luso-holandesa de 26 anos, acusada de ter pertencido ao Estado Islâmico (Daesh), está a ser julgada no Tribunal de Rotterdam, por associação a grupo terrorista. A sua sentença será dada daqui a duas semanas.
O Ministério Público da Holanda (OM) pede uma pena de seis anos para Ângela Barreto. É a primeira vez que a Holanda pede uma pena tão pesada para uma mulher por ligações ao Daesh.
Em Novembro de 2020, a luso-holandesa apresentou-se no Consulado da Holanda na Turquia, sendo de imediato detida e em 2021 repatriada para a Holanda. Encontra-se presa no único estabelecimento prisional feminino para terrorismo situado em Zwolle.
No Tribunal de Rotterdam está a ser julgada por associação a grupo terrorista e na última sessão na semana passada, apresentou-se vestida com véu islâmico, conhecido como niqab. Em lágrimas disse que ir atrás do seu marido para a Síria "foi o maior erro" da sua vida.
Inicialmente, Ângela Barreto via a ida para a Síria como uma grande aventura, afirmando por várias vezes desconhecer as atrocidades cometidas pelo grupo terrorista. Casada com um jiadista português, Fábio Poças, revelou ser mal tratada por este num país onde faltavam as comodidades mais básicas como água e electricidade.
Durante o julgamento em Rotterdam, a luso-holandesa foi revelando mais histórias. Disse ter sido colocada numa lista do Daesh de condenados a apedrejamento o que a fez tentar fugir várias vezes, conseguindo-o em Novembro de 2020 e que o seu sonho era viver uma vida completamente diferente: abrir um restaurante e dar emprego a jovens com problemas de acesso ao mercado de trabalho.
O OM não acredita na versão contada pela jovem e acusa-a de fingir ser uma jovem ingénua, quando na realidade teria sido "uma verdadeira mulher do Daesh", casando três vezes com jiadistas radicais e que recrutava outras jovens da Holanda para se juntar ao auto proclamado Califado. "Ela contribuiu para a morte de muitas vítimas que foram brutalmente assassinadas. Ela permaneceu no califado até ao último suspiro", disse o procurador do OM.
Os Jiadistas Lusos
Para além de Ângela Barreto, que viajou para a Síria em Agosto de 2014 para se casar com Fábio Poças, entretanto dado como morto em combate. Depois dele, casou-se com Nero Saraiva, outro radical islâmico e dos mais perigosos e influentes jiadistas portugueses na Síria. Encontra-se actualmente detido no Iraque onde espera a condenação à morte sem possibilidade de extradição para Portugal.
Por fim, Steve Duarte Amieiro, que se encontra preso na Síria e o registo de um outro de apelido Cabral que se acredita ter sobrevivido à queda do auto proclamado Califado do Daesh, mas que se encontra em parte incerta, sendo neste momento procurado pelas autoridades.
Há conhecimento de onze jiadistas lusos mortos em combate e com família detida em campos na Síria, que ao contrário de Ângela, esperam ainda por repatriamento.