A contagem dos votos do estrangeiro foi concluída e tal como prevemos para a Holanda (93%), a Abstenção foi enorme: 87%.

A quantidade de votos nulos também foi elevada, talvez devido ao processo de envio dos boletins de voto. Houveram muitos casos de envelopes danificados. O Partido Livre vai exigir um inquérito a todo o processo do voto no estrangeiro e uma mudança na lei para que todos os actos eleitorais sejam presenciais.

Veja na imagem abaixo as contagens e percentagens de cada partido.

Ficam assim eleitos os quatro deputados. O Círculo Eleitoral da Europa elege 1 deputado para o PS e outro para o PSD.

O Círculo Eleitoral Fora da Europa elege igualmente 1 deputado para o PS e outro para o PSD. 

Numa nota mais pessoal.

Outra importante questão, a qual compreendo, é a falta de consideração pelos votos dos emigrantes. O vencedor foi anunciado e indigitado o Governo e este já apresentou os seus Ministros para a próxima legislatura, ainda antes dos nossos votos serem tidos em conta. O que levantou a questão: Para quê o trabalho em votar se, pelo que se viu de todo o processo, o nosso voto não foi tido em conta?

É importante votar. Mas também é importante ter consideração e mostrar respeito pelo voto do emigrante. O processo, da forma como foi conduzido, leva a que mais eleitores (já poucos) percam o interesse em participar em próximas eleições portuguesas. Melhorias urgentes são necessárias, a tempo das Presidenciais em 2021.

Estamos a falar em quatro deputados, que poderiam muito bem desequilibrar a balança para qualquer lado.

Fontes:

Secretaria de Estado do Ministério da Administração Interna

Partido Livre

Os Números

1 466 754 eleitores inscritos fora de Portugal. Graças ao recenseamento automático, um aumento de mais de 600% de eleitores em relação às últimas eleições legislativas em 2015. A grande surpresa, pelo menos pessoal, foi a quantidade de eleitores inscritos na Holanda. 11 989 inscritos para votar na Holanda, muito diferente dos 21 000 residentes portugueses no país.

Mas os números desiludem pela fraca adesão ao sistema de voto postal para os eleitores residentes no estrangeiro. Os votos em si ainda não foram contabilizados, só o são no dia 16 de Outubro, mas já podemos contar com uma elevada taxa de abstenção nos círculos eleitorais da Europa e Resto do Mundo. Pelas contas dos Portugueses na Holanda, a taxa de abstenção na Holanda, para as Legislativas de 6 de Outubro, deverá ficar perto dos 93%.

Causas

São várias, mas o que apuramos foi que, a maioria das pessoas não confiou no sistema de voto postal e também pelo facto, de ter de enviar uma cópia da sua identificação, junto com o envelope de voto. Receios infundados, pois o voto permanecerá secreto, tal como foi explicado pela Comissão Nacional de Eleições em várias campanhas informativas e por nós, em vários textos e artigos.

Outra razão apontada foi a de que era preferencial o voto em presença num local. O que é certo é que na Holanda não houve um único pedido para o voto presencial. Aliás, em todo o Círculo Eleitoral da Europa, apenas 204 eleitores, de um total de 895 382 eleitores registados, escolheram o voto presencial. Toda esta informação foi partilhada por nós e pela Secção Consular da Embaixada de Portugal em artigos online e pela Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna que enviou inclusivamente, correspondência em 2018 a informar das mudanças na Lei do Recenseamento Eleitoral.

Tomamos também conhecimento de alguns problemas no retorno da correspondência para Portugal, mas apenas esta razão em si, não justifica o elevado número da abstenção dos portugueses a residir e registados como eleitores na Holanda, até porque foram casos pontuais.

Fontes:

Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna, informação e números sobre o processo eleitoral para eleição da Assembleia da República de 6 de Outubro

Observatório da Emigração, séries anuais da emigração na Holanda