A Dura Realidade Holandesa
Dura, sinónimo de austeridade. Austeridade sinónimo de cortes em subsídios e aumento de impostos. Austeridade sinónimo de contracção da economia. Austeridade sinónimo de dificuldade no emprego.
É esta a realidade de 2013 que está e continuará a ser um ano difícil na Holanda, o Inverno e o clima de frio e neve prolongaram-se por mais umas semanas o que está a causar o adiantamento do arranque da produção em estufas, permitindo a muita gente, permanecer em casa sem trabalho. Por outro lado temos a queda no investimento na construção civil no país, sendo este aliás o sector que mais gente atirou para o desemprego nos últimos meses. O desemprego tem tido um crescimento galopante para valores recordes no país e o pouco trabalho que ainda se vai encontrando, apenas dá uma esperança a quem fala holandês e/ou que tenha uma grande experiência no sector a que concorre, devidamente comprovadas com diplomas e mesmo até, com cartas de recomendação.
Permanecerá assim? Não o podemos responder com certezas pois existe muita gente dentro do sector das empresas de trabalho temporário, mas que está fora do sistema de contabilidade do desemprego e que neste momento estão em casa à espera que o trabalho apareça, pois também não se consegue outras colocações facilmente. Muita gente essa que é polaca ou de outros países de Leste, outro grande problema para quem procura trabalho, fora ou dentro do sistema de trabalho temporário. Há empresas que estão inclusivamente a despedir trabalhadores seus, com 10, 15 ou 20 anos de casa para empregarem polacos, mais baratos, com contratos mais flexíveis e sem tantos direitos ou deveres por parte da empresa que os emprega.
Casos de polacos apanhados a trabalhar a 5 Euros/hora, a conduzir camiões mais do que o tempo permitido já foram encontrados.
Casas com 8/10 pessoas a partilharem um espaço que daria apenas para 4/5 e que trabalham mais de 12 horas por dia, sem fins de semana para descansar já foram reportados.
Despedimentos colectivos de trabalhadores com contractos fixos e sem termo, que ganhavam 15 Euros/hora, para darem lugar a trabalhadores temporários a ganharem 8 Euros/hora com um vinculo contratual sem garantias e onde a empresa que dispõem dos seus serviços em nada se responsabiliza, já foram mais do que uma vez assinalados.
As empresas procuram sempre o lucro mais fácil possível e se não o conseguem através do trabalho dos seus empregados devido á diminuição do trabalho disponível, consegue-o através da supressão de direitos, qualidade de vida e poder de compra dos mesmos.
No sector social há cortes nos subsídios sociais e de integração. Antes era possível a frequência gratuita num curso de integração holandês, hoje isso já não é possível para europeus. O acesso a muitos dos subsídios sociais também começa a ser restrito apenas para quem entende e se faz entender no idioma holandês. Em alguns, para terem esse direito, para além disso, terão também de prestar trabalho voluntário e comunitário na sua Gemeente (Câmara Municipal).
Neste momento existem muito poucas portas abertas neste país para um número crescente de desempregados e com as mais variadas experiências e capacidades. Não se aventurem sem trabalho neste país. Venham apenas de Portugal com a garantia de trabalho e mesmo assim não sei se será 100% seguro. Não serve este texto para alarmar ou retirar esperanças a quem emigra ou pensa emigrar para a Holanda. Serve este texto apenas para avisar o que vos espera aqui no país das túlipas. A austeridade está para ficar e ao que parece, por toda a Europa e em lado nenhum encontrarão a galinha dos ovos de ouro. Os tempos são de sacrificio e luta, não de aventura nas alturas sem rede de segurança.
Não quero terminar este texto sem fazer de novo o aviso. Cuidado com as burlas que costumam aparecer em maior número nestas alturas. Desconfiem sempre de valores de pagamentos pedidos para emigrar.
Não assinem nada que não compreendam.
Informem-se dos seus direitos e sistema de trabalho antes de partirem.
Tomem nota de tudo para que possam comparar com a informação que encontrem.
Tomem nota de nomes e locais da empresa e pessoas com quem interagem durante a sua entrevista de trabalho.
Evitem partir sem ter um valor monetário que lhe permita o regresso e/ou a sobrevivência nos primeiros tempos.
E em último caso, fazer queixa às autoridades sempre que encontrarem uma burla.
Por uma comunidade forte, unida e informada.
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